sábado, 27 de novembro de 2010

Arjuna e a depressão - Ricardo Freitas


Na Bhagavad Gítá Arjuna, durante a guerra, todo confiante, pede à Krshna que coloque o seu carro no meio do campo de batalha para que ele possa avistar os dois lados que irão se enfrentar. Arjuna, ao ver o lado inimigo, entra em desespero. Ele sente todos os sintomas do que hoje chamaríamos de síndrome do pânico.

Arjuna, então, ao constatar que o lado inimigo está repleto de amigos e parentes, com os quais ele deverá lutar, diz: “Krshna, vendo minha gente reunida e desejosa por guerra, os meus membros parecem desintegrar-se e minha boca está seca. O meu corpo treme e nasce em mim uma sensação de horror. Gándíva(arco) cai da minha mão. Minha pele está queimando, não sou capaz de ficar em pé, e minha mente parece girar.”
Arjuna dedicou-se para essa guerra e para ser um grande guerreiro durante boa parte de sua vida. Ele passou treze anos no exilio, pensando somente na guerra, dedicando-se aos treinos e à disciplina, em busca de poderes e armas. Durante toda a vida, Arjuna pensou que, ganhando a guerra, encontraria a paz e se libertaria do sofrimento.
Chegando ao campo de batalha, ele percebe que toda essa dedicação e todos esses anos de treino e disciplina não iriam levá-lo à felicidade e à paz que idealizou e adiou para o futuro.
“Não desejo a vitória, ó Krshna. Tampouco o reinado, ou prazeres. O reinado, o que é para nós, Govinda? Para que servem as diversões e mesmo a vida?”
“Qual será nossa satisfação, Krshna, matando os filhos de Dhritaráshtra? Matando-os, somente frutos negativos se juntarão a nós. Como poderemos ser felizes, Krshna, matando a nossa gente?”
Então, nesse momento, Arjuna entra em uma grande “depressão”. A vida perde todo o sentido, tudo o que ele imaginou que iria lhe trazer felicidade vai por água abaixo. Anos dedicados à guerra, e agora Arjuna descobre que, mesmo ganhando esta guerra, ele continuará sofrendo e infeliz, pois para ganhá-la terá que matar as pessoas com as quais ele gostaria de desfrutar a vitória.
Arjuna não sabe mais o que fazer para ser feliz e acabar com o sofrimento, está em desespero. Ele nem sabe mais o que quer nesse momento, os desejos e esperanças acabaram. Ele não sabe o que pode fazer para permanecer em paz.
Enquanto existe uma esperança, ou algo que imaginamos que realizando isso seremos felizes, conseguimos ainda dar continuidade à vida, pois estamos correndo atrás de um sonho.  Mas depois de termos realizado várias coisas, e continuarmos tão infelizes como antes, não sabemos mais o que fazer para ser felizes, e então da vem o desespero, a depressão.
Isso pode acontecer em algum momento da nossa vida, é o momento onde existe um forte sofrimento e não sabemos a solução, não sabemos o que precisamos fazer para permanecer em paz. O conflito que Arjuna vive na Gítá é o conflito que vivemos ou viveremos em algum momento das nossas vidas. Por isso é comum nos identificarmos tão profundamente com o que Arjuna experiencia no campo de batalhas.
Como Arjuna, nós adiamos a nossa felicidade e a depositamos em situações exteriores como um bom casamento, um bom emprego, uma casa e um carro, em juntar muito dinheiro. Mas, depois que tentamos tudo isso, percebemos que não é bem assim. Por mais que busquemos e consigamos adquirir essas coisas, descobrimos que estamos tão insatisfeitos quanto antes.
Depressão é um momento da vida em que entramos em desespero, porque não sabemos como podemos nos libertar do sofrimento e encontrar a nossa paz, como aconteceu com Arjuna.
Ele, na guerra, entra em desespero porque não sabe o que fazer, nesse momento ele pede à Krshna: “Eu, tomado por natureza miserável, com a mente incapacitada para decidir o que é certo ou errado, peço-lhe que me ensine aquilo que é afirmado decididamente como absoluto. Sou seu discpulo, pois me entrego a você. Pois eu vejo que nem a aquisição de um reinado próspero na terra ou o domnio de criaturas celestiais eliminarão a tristeza que inutiliza os meus órgãos”.
Arjuna acha que nada que ele possa imaginar irá acabar com a sua tristeza e, assim, pede à Krshna que lhe ensine sobre aquilo que é absoluto, aquilo que, quando conquistado, nada mais precisará ser conquistado.

Vedanta diz que existe um desejo que, se conquistado, engole todos os demais. Tal desejo é o de encontrar um estar bem comigo mesmo. Encontrando esse estar bem comigo mesmo, o mundo, que é dual, muda o tempo todo (como é a sua natureza), mas eu continuo sempre bem, porque sei que a plenitude é a minha verdadeira natureza.

E é exatamente esse o desejo que é despertado em Arjuna quando ele se coloca como discpulo de Krshna na Gítá. Ele não mais busca uma realização baseada em objetos ou situações, ele busca uma felicidade em si mesmo. Esse é o desejo por moksha: “Eu desejo aquilo que vai me libertar do sofrimento e da tristeza, eu quero conhecer o absoluto”.
Quando temos um momento na vida como esse, paramos e fazemos uma análise sobre a direção que estamos tomando nas nossas vidas. Descobrimos que é impossivel resolvermos todos os problemas e conquistarmos todas as coisas. Neste mundo sempre existirão problemas para serem resolvidos e objetos para serem conquistados. Encontrando a plenitude em nós mesmos, adquirimos a maturidade necessária para lidarmos com os problemas e as situações, sem perder o estado de paz.
Arjuna reconhece, então, que não quer mais a solução para os problemas relativos, porque esses problemas sempre existirão. O que ele busca, agora, é resolver o problema fundamental e esse problema é o sentimento de que sempre algo está faltando.
O que falta não importa, o que importa é que sempre está faltando, e isso nos tira do estado de paz.
O sábio reconhece que tudo no Universo é passageiro. Assim como a alegria passa, a tristeza também passa. E, então, pensa:

“Se o problema tem solução, porque se preocupar? Da mesma forma, se o problema não tem solução, adianta preocupar-se?”

No mundo, todo ganho envolve uma perda e para toda perda existe um ganho. Então, o que vai me fazer feliz, o que vai me dar uma solução definitiva nessa vida?
Há um momento, então, em que surgem questionamentos (viveka), e começamos a nos indagar:
- Levo minha vida correndo. Aonde quero chegar?
- Será que o objetivo da minha vida é ficar resolvendo problemas?
- Será que o que eu quero da vida é juntar muito dinheiro, ser famoso e depois morrer?
- Será que algum dia eu vou encontrar uma paz e uma satisfação?
- Será que minhas ações estão me levando a encontrar essa paz?
Sentimo-nos sempre limitados, em termos de conhecimento, de tempo e de felicidade. Por isso sofremos e tentamos sempre nos preencher acumulando objetos.
Krshna diz a Arjuna que o seu sofrimento é ilegtimo, pois não somos esse corpo e essa mente que são limitados. O que verdadeiramente somos já é livre de limitação, completo, pleno e feliz. Nós sofremos por algo que verdadeiramente não somos, assim como Arjuna. Por isso Krshna diz que o seu sofrimento é ilegitimo.
O problema do sofrimento humano é a ignorância de si mesmo. O desconhecimento de quem nós realmente somos. Para acabar com essa ignorância, é necessário um meio de conhecimento. O sofrimento existe por ignorarmos aquilo que nós verdadeiramente somos, e, para reconhecermos aquilo que somos, é preciso esse conhecimento. É necessário escutar as palavras que fluem da boca do mestre para o ouvido do discpulo. Essas palavras revelam aquilo que somos, o sujeito.
Krshna, na Gítá, ensina a Arjuna sobre o reconhecemento do sujeito que tudo observa e, enfim, acaba com o seu sofrimento. Krshna não faz mais do que reconstruir a imagem que Arjuna tem dele mesmo. Ao fazer isso, o mestre devolve ao discpulo o sentido da vida e do viver.
Conhecendo-nos como livres de limitação, descobrimos aquilo que verdadeiramente somos, e dessa forma podemos lidar com todo esse mundo relativo, sem perdermos nosso estado de paz.
Arjuna termina a Gítá dizendo à Krshna: “A ilusão foi eliminada, o reconhecimento foi alcançado por mim mediante esse ensinamento. Estou firme e livre de dúvidas. Seguirei seu ensinamento”.
E Sanjaya, que na Gítá é testemunha do diálogo entre os dois e narra a história, conclui: “Assim escutei esse maravilhoso e emocionante diálogo entre Krshna e Arjuna, escutei esse Yoga, que é segredo, que fala sobre o absoluto, diretamente do senhor do Yoga, Krshna. A todo momento que me lembro desse ensinamento, eu me alegro, de novo e de novo”.
Que possamos então receber as bençãos desse ensinamento, o qual é capaz de reconstruir a imagem que temos de nós mesmos e do mundo. E que nos faz nos sentirmos alegres, de novo e de novo, cada vez que escutamos.
Harih Om Tat Sat


Ricardo Freitas estuda Yoga e vedanta com a Prof. Glória Arieira e seu site é www.yogaevedanta.com.br

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

18 Fique Frio

Estímulo são bons, mas em excesso podem debilitar o sistema nervoso. O Yoga pode proporcionar alívio do corre-corre da vida moderna. Asanas restauradores, yoga nidra (uma forma de relaxamento conduzido), savasana, pranayama e meditação estimulam pratyahara, uma retração dos sentidos que proporciona um descanso para o sistema nervoso. Outro efeito colateral da prática regular do Yoga, segundo estudos, é um sono melhor - o que significa que estará menos cansado e estressado e menos sujeito a acidentes. PYJ - dez/2008


O Yoga não acaba com seu estresse, mas lhe fornece mais energia para você conseguir lidar com o estresse. Com mais energia para lidar com o estresse, você não se estressará tanto e  logo os efeitos do estresse se extinguirá... entendeu? Se não entendeu, não tem problema, pratique e entregue (íshvara pranidhana), os resultados chegarão.
Forte abraço! Namastê.

domingo, 21 de novembro de 2010

17 Membros soltos

Alguma vez já se pegou segurando o telefone ou o volante do carro como se sua vida dependesse disso ou contraindo o rosto na frente do computador? Esses hábitos involuntários podem levar á tensão crônica, fadiga muscular e dores nos punhos, braços, ombros, pescoço e rosto, o que pode aumentar o estresse e piorar seu humor. Conforme pratica Yoga, você começa a perceber onde guarda a tensão: pode ser em sua língua, nos olhos ou nos músculos do rosto e pescoço. Se você simplesmente se conectar, pode conseguir se livrar de alguma tensão na língua e nos olhos. Pode levar anos de prática até conseguir relaxar músculos grandes como quadríceps, o trapézio e os glúteos. PYJ - dez/2008



quarta-feira, 17 de novembro de 2010

16 Centro de controle

Alguns yogis avançados podem controlar seus corpos de formas extraordinárias, muitas das quais são mediadas pelo sistema nervoso. Cientistas monitoraram yogis que conseguiam mudar suas frequências cardíacas para ritmos incomuns, gerar padrões de ondas cerebrais específicas e, usando técnicas de meditação, aumentar a temperatura de suas mãos em 15 graus. Se eles podem usar Yoga para fazer isso, talvez você possa aprender a melhorar o fluxo sanguíneo em sua pelve se está tentando engravidar ou induzir relaxamento quando tiver problemas para dormir. PYJ - dez/2008

Os motivos para praticar surpreendem cada vez mais...
Forte abraço! Pratiquemos...
Namaskar.

domingo, 14 de novembro de 2010

15 Centro nervoso

O Yoga estimula o relaxamento, a desacelerar a respiração e a focar no presente, mudando o equilíbrio do sistema nervoso simpático (ou a resposta "lutar ou fugir") para o sistema nervoso parassimpático. O último é calmante e restaurativo; desacelera a respiração e os batimentos cardíacos, diminui a pressão sanguínea e aumenta o fluxo de sangue nos intestinos e órgãos reprodutivos - incluindo o que o médico Herbert Benson chama de resposta de relaxamento. PYJ - dez/2008

E então a ansiedade diminui trazendo a sensação de poder de decisão.
Forte abraço! Namastê.
PS: Continuamos na listagem de motivos para estender o mat e pratiar, praticar e praticar. Faltam dezoito motivos da lista que estou seguindo, porém os motivos são infirnitos. Beijos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

14 Ondas cerebrais

Parte importante do Yoga é o foco no momento presente. Estudos descobriram que a prática regular melhora a coordenação, a velocidade de resposta, a memória e até a contagem no QI. Pessoas que praticam a meditação transcedental mostraram habilidades para resolver problemas e assimilam e resgatam informações mais facilmente - talvez por esatrem menos distraídas por seus pensamentos, que podem se repetir como um disco riscado. PJY - dez/2008

E ainda, quando praticamos regularmente nossa percepçao fica mais aguçada e coisas que antes não percebíamos - como o voo de um belo passaro ou uma folha que cai bem próximo daquela poça d´agua - ficam saltando aos nossos olhos e a nossa atenção.

É isto por hoje, queridos praticantes e aspirantes...
Forte abraço!
Namaskar.

domingo, 7 de novembro de 2010

13 Doce vida

O Yoga diminui a glicemia (nível de açúcar no sangue), o colesterol LDL (o "mau") e aumenta o colesterol HDL ("bom"). Em pessoas com diabetes, o Yoga abaixou a glicemia de várias formas: diminuindo os níveis de cortisol e adrenalina, encorajando a perda de peso e aumentando a sensibilidade ao efeitos da insulina. Diminua os níveis de açúcar e diminuirá os riscos de complicações diabéticas, como ataques cardíacos, falência dos rins e perda da visão.


Além de tudo Yoga é doce... isto eu já acho a algum tempo!
Esta confirmação vem a calhar, maravilhoso confirmar que Yoga contribui com os diabéticos, pessoas que passam maus bocados para o controle da glicemia no sangue. Pratique Yoga!
Forte abraço! Namaskar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

12 Happy hour

Está triste? Sente-se em lótus. Melhor ainda, cresça em uma hiperextensão ou soe real em Natarajasana (postura do senhor da dança). Apesar de não ser tão simples assim, um estudo descobriu que a prática consistente de Yoga melhora a depressão, leva a um aumento siginificante dos níveis de serotonina e a diminuição  dos níveis de monoamina oxidase (uma enzima que quebra os neurotrasnmissores) e cortisol. Na Universidade de Winsconsin, Richard Davidson, Ph.D., descobriu que o córtex pré-frontal esquerdo mostrou atividade aumentada em meditadores, uma descoberta que fio correlacionada com mais felicidade e melhores funções imunológicas. Uma ativação mais dramática do lado esquerdo foi encontrada em praticantes dedicados a longo tempo. PYJ - dez/2008


Como não ficar feliz...
Forte abraço!