quarta-feira, 12 de março de 2014

Trecho do livro Luz na vida de BKS Iyengar (Purusa e Prakiti)

(...) Em sanscrito, a palavra é purusa, que pode ser traduzida por Alma Cósmica ou Universal. O termo "alma" carrega tantas conotações religiosas que as pessoas costumam aceitá-lo ou rejeitá-lo sem mais reflexão.
Elas se esquecem de que se trata apenas da palavra que usamos para nos referir a uma realidade permanente. Esta, embora lógica, não passa de um mero conceito para a mente, até que a experimentemos concretamente dentro de nós.
Com razão associamos essa realidade permanente ao amor altruísta, que se baseia na percepção da unidade, não da diferença. A força do amor de uma mãe provém de sua unidade com a criança. Na unidade não há posse, já que a posse é um estado dual: abrange eu e o outro.
A Alma é imutável, eterna, constante; é sempre uma testemunha, enraizada na origem divina e na unicidade. Toda prática da ioga visa explorar a relação entre prakiti e purusa, entre a Natureza e a Alma. Retomando nossa imagem inicial, trata-se de aprender a viver entre o céu e a terra. Essa é a provação humana, nossa alegria e nosso infortúnio, nossa salvação e queda.
Natureza e Alma se misturam. Alguns dizem que são casadas. É pela prática correta de ásana e pranayama, e dos outros membros da ioga, que o praticante (sadhaka) experimenta a comunhão e a conexão entre elas. Para uma pessoa comum, o casamento da Natureza com a Alma pode parecer cheio de disputas e incompreensão mútua. Porém, quando há comunhão, elas se aproximam para alcançar uma união abençoada.
Essa união remove o véu da ignorância que encobre a inteligencia.
Para atingi-la, o sadhaka precisa olhar para dentro e ara fora da estrutura da Alma, o corpo. Ele precisa entender uma lei fundamental; do contrário, continuará preso aos grilhões da Natureza e a Alma continuará sendo um mero conceito. Essa lei diz que tudo que existe no macrocosmo existe também no microcosmo, ou individuo. (pag.37)

Forte abraço!
Namastê _/\_